FECHADO: Várias empresas encerraram suas atividades nos últimos dias em Três Pontas. De quem é a culpa?
O Conexão Três Pontas constatou nos últimos dias o fechamento de diversas empresas na cidade. Só de 15 de junho a 15 de julho foram cerca de 10 pontos comerciais, dentre eles lojas, restaurante, lanchonete, clínica, entre outros.
Mais quais seriam os reais motivos desse fechamento “coletivo”? É notório que o país enfrenta uma grave crise econômica, inflamada pela crise hídrica e consequente aumento enorme da conta de luz, aumento de juros e da carga tributária, escândalos de corrupção, etc. Em Três Pontas o momento também não é satisfatório, assim como em todo estado de Minas Gerais. Por aqui, a geração de empregos é tímida ou praticamente nem existe.
Em busca de algumas respostas, o Conexão entrevistou o empresário e comerciante Michel Renan Simão Castro, Presidente da Associação Comercial e Agroindustrial de Três Pontas

Xtp – O Conexão observou que nos últimos 30 dias várias empresas, de diversos ramos fecharam as portas. Na sua opinião isso se deve a que?
Michel Renan –Vivemos um momento bastante turbulento em nosso país, vínhamos até ano passado com a economia desaquecendo e artificialmente crescente, muitas novas empresas foram constituídas devido ao crescimento e ganho real do salário, o qual gerou uma possibilidade de novas demandas de consumos, como salão de beleza, novas academias, lojas de alimentação saudável, perfumaria, e muito mais, mas como dito acima este crescimento não foi construído em fundamentos sólidos, se deu através do aumento do consumo pelo endividamento, e conta assumida é conta que irá vencer. Este ano o mercado sofreu uma forte retração, e em épocas de crise é normal algumas empresas irem a óbito, principalmente as com menor tempo de atividades.
Xtp – Você acha que crise em Três Pontas tem mais reflexos que em outras cidades do Brasil?
Michel Renan –Não acho. Hoje temos um quadro bem melhor que outrora aqui em Três Pontas, já fomos muito dependentes do agronegócio e esta dependência diminuiu rapidamente. Nossas atividades empregadoras são bastante equiparadas, não sendo uma muito maior que as demais, temos muitos colaboradores no comércio, na indústria, prestação de serviço e agronegócio, dando a possibilidade de uma atividade contribuir com a outra em momentos de crise. Somos um Município hoje de atividades mistas. Podemos perceber em regiões onde não há diversidade de fontes geradoras a crise ser mais acentuada, por exemplo as regiões do minério, que devido a queda das commodities vem enfrentando uma grave crise. Outro exemplo seria as regiões que fabricam peças para montadoras de veículos, também passam por momentos delicados. Ouvimos e vivenciamos situações que se desdizem com o tempo, pois até pouco tempo os maiores especialistas diziam que os municípios que não tivessem foco nas principais atividades poderiam não prosperar, e eu sempre discordei, e esta tese defendida pelos especialistas esta fadada ao fracasso, demonstrando que há sim necessidade de diversificação das atividades.
Xtp – O que mais leva uma empresa a encerrar suas atividades?
Michel Renan –Não é um motivo apenas, e sim uma série de motivos que desencadeiam o fechamento, como: inexperiência, despreparo dos administradores, falta de capital, desconhecimento da atividade, sazonalidade, inadimplência e muito mais.
Xtp – Qual o tempo médio de permanência de uma empresa aberta em Três Pontas?
Michel Renan –De acordo com o Programa Elos (SEBRAE), hoje temos:
_ até dois anos de atividades – 12,6% das empresas ativas
_ mais de 2 anos e até 5 anos – 41,0% das empresas ativas
_ mais de 5 anos – 46,4% das empresas ativas

Xtp – Quantas empresas fecharam em 2015?
Michel Renan –Não temos este número, este levantamento é anual, pois muitas não fecham, apenas mudam de local ou ainda continuam ativas mas sem atendimento ao público.
Xtp – O que a AcaiTP tem feito para auxiliar os empresários principalmente os menores?
Michel Renan –São muitas atividades, cursos, palestras, treinamentos, workshops e muitas outras atividades. Para MEI (micro empreendedor individual) este ano criamos o selo de qualidade, que através de diversas etapas de capacitação atestamos que este empresário já está preparado para o mercado.
Xtp – Você acha que o turismo religioso com a Beatificação do Padre Victor pode alavancar a economia local e fortalecer o comercio?
Michel Renan –Acredito que se bem planejado poderá ser uma das mais rentáveis fontes de receitas para o Município. Hoje estima-se que visitam nossa cidade 70 mil pessoas anualmente (sendo 50 mil no mês de setembro e as outras 20 mil no restante do ano) com gasto média de R$70 por dia. Acredito que o número de pessoas poderá chegar a 300 mil pessoas anualmente com gastos muito maiores, tornado assim uma fonte bastante generosa de receita.
Xtp – Suas considerações finais.
Michel Renan –Esta crise que atravessamos não é a primeira e não será a última, os mais persistentes e preparados sobreviverão, fazendo com que a capacitação seja cada vez mais necessária para a manter-se vivo em um mercado cada vez mais competitivo.
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